Ser jornalista não é fácil, não dá para confundir com a profissão de ator, apresentador de talk show ou cozinheiro (não que tudo isso seja fácil). Você pode até se tornar um repórter burocrático, mas essa profissão é avessa a isso. Na redação de jornal, o clichê é verdadeiro: mata-se um leão todos os dias. E não é dos mais mansinhos. Quando se assina um contrato de trabalho, em letras invisíveis consta que aceitamos não ser mais donos do nosso tempo. Para ser jornalista é preciso desapego: de tempo, de sono e às vezes de família. Não que a profissão seja ruim, ela só é árdua. Aquelas coisas que nos dizem na faculdade de que o “jornalista tem de ir fundo na lama para achar uma bela flor”, é verdade. Só que a lama é muito mais pesada, por isso é preciso gostar, ter reportagem na veia. Ao escolher ser jornalista é preciso saber algumas coisas. A primeira, é que nunca deve-se marcar um compromisso para a hora do almoço ou para o fim do expediente. Não há como saber a hora em que você vai sair ou onde estará quando suas horas contratuais acabarem. A segunda: Você vai ter fins de semana, mas não são tantos. No mais, muitos corpos e homicídios frequentarão suas lembranças. Nem sempre o lead aparecerá fácil. Em alguns dias, você vai ter medo da repercussão da sua matéria. Em outros, vai se sentir grandioso. É preciso saber ainda que jornalista anda de mãos dadas com deus e o diabo, só não dá para saber quem está a cada lado. Por isso, o repórter nunca é ingênuo e sempre tem alguma intenção. Se não, alguma merda acontece. Ser jornalista não é ruim, é emocionante. A redação é o quartel general. A rua, o escritório, campo para viver coisas que muita gente só verá pela televisão ou por imagens impressas.
Texto: Ser Jornalista (Adaptado) por Victor Martins.
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